Estação rodoviária
de Rio Grande, 2 da matina. Poltrona 22. Destino Porto Alegre. Porto
Alegre ?
Qual é o meu destino
mesmo ?
De repente, um estranho
sentimento diferente tomou conta da minha consciência, algo que me
fez lembrar da minha adolescência, pois nessa mesma infantil época
da minha vida, usava a cidade de Porto Alegre parta refúgio do
interior.
O ano tinha passado em
Pedro Osório, e no colégio, eu passei com as “calças nas mãos”.
Ao término das aulas, me dirigia de forma agitada para Porto.
Lembro da minha mãe,
com um pouco de receio, me colocando no ônibus de Pedro Osório à
Pelotas, e de lá, eu comprava a minha passagem me sentindo o maioral
em direção à capital.
Bons verões. Verões
que de forma simples, sustentaram as minhas felizes lembranças e
experiências . Lá em Porto, sempre fui mimado . Na modéstia e na
singeleza, mais mimado. Casa da tia, irmã mais velha de minha mãe,
reduto da liberdade e da não existência de horários .
Hoje o sentimento é
diferente. Diferente porque o tempo passou. E que bom que passou.
Pois para mim , o “tempo passou” não é lamento, mas sim,
expressão de alívio, pois tenho a plena certeza de que as coisas se
desenvolveram nesse tempo, e que tudo o que aconteceu em mim e
comigo, serviu para ter certeza de que a vida, mesmo não sendo
regalada de prazeres e vitórias, não é boa somente para os
mandantes do sistema , mas também para gente humilde, de suado
trabalho e de vida simples, como a minha família. Nessa certeza de
que o tempo passou para o bem de mim mesmo, a sensação de ir a
Porto Alegre se modificou. Se modificou porque estou indo a Porto
Alegre para resolver questões de critério pessoal (de menção
irrelevante ), e isso nunca tinha acontecido. Vir a Porto Alegre
nunca representou para mim “responsabilidade” ou “obrigação”.
Completando o raciocínio, vir a uma cidade grande como Porto Alegre,
não significa mais para mim refúgio do interior como disse lá em
cima, mas simboliza sim, a agitação, o caos. O desenvolvimento da
falta de tranquilidade. Hoje, para mim, Pedro Osório seria o
refúgio. O tempo passa...
E quando o tempo passa,
a percepção dos acontecimentos e dos ambientes se modificam,
fazendo assim com que as verdadeiras impressões das circunstâncias,
encaixem dentro de nós o que verdadeiramente é real para nós.
Temos de modo mais
preciso, dentro de nossos preconceitos, traumas, certezas e
resultados da concretização de nossas posições e discernimentos.
Mas nessas viagens que
já são o máximo por serem responsáveis por quebrarem por inteiro
a nossa rotina, fica a experiência de encontrar as pessoas que há
muito tempo não víamos, a sensação de estar em lugares quase
esquecidos, com outra mentalidade e outro pensamento, é lógico, e a
percepção de certas coisas que não conseguíamos fazer a leitura
por falta de formação e informação.
Acima de tudo , tudo é
missão. Logo, Missão Sem Omissão.
Samuka.
“Invoco a fé, a
calma e a coragem .“
(Descendo o rio –
Forfun )
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