sexta-feira, 22 de março de 2013

A Passagem





E será que aquele dia será como pensamos que vai ser ?
Será que somente fecharemos os nossos olhos e adormeceremos ?
Será que alguém vai chorar por nós ?

Mas acima de tudo, onde estaremos ?
Será que subirei ou descerei ?
Quero somente saber como vai ser, mesmo que eu não venha a saber.

O que falarão de mim ?
Quais serão as coisas que irão dizer de mim ?
Quanto tempo vai demorar até esquecerem de mim ?

Dizem que vamos abrir os olhos lá do outro lado, e esqueceremos de todos aqui deste...
Será que vai ser tão lindo assim ?

Não estou falando de morte, estou falando da outra vida.
Da vida maior e melhor. Da vida aquela, que vai nos curar dessa vida.
Daquela vida que vai apagar as nossas derrotas.

Então lá, eu estarei completo.
Aqui, por enquanto, é só reflexo do que virá



Samuka

sexta-feira, 15 de março de 2013

Sobre Mudanças ou Enchentes







Vim de um lugar onde há enchentes. E há enchentes porque há um rio. E elas acontecem de forma inesperadas. Por mais que pare de chover ali, se não parar de chover onde está a nascente do rio, de nada adiantará parar de chover ali. E quando as águas sobem, elas tapam tudo e todos. E você foge ou não. Tira algumas roupas de casa, a geladeira, o fogão ou os colchões. Alguma coisa sempre fica, pois não dá para ficar perdendo tempo com coisas sem importância. Sua vida é mais importante, e as águas sobem rápido. É preciso mudar!



E esses dias o sentimento de “mudança” tomou conta de mim. Na verdade eu nem escolhi isso. Mas a mudança pede isso de nós. Isso oque ? Fibra. Frieza. A não-lamentação. Aceitação.
Mesmo que seja difícil, é preciso mudar as vezes.
Mas mudar de verdade. Destruir essas velhas coisas, esse velhos sentimentos. Mudar de casa, jogar algumas coisas fora...

Na verdade, estou ficando fera nisso. Calejado, seja o termo certo.

Mas esse sentimento de “mudança”, tomou conta de mim porque precisei mudar. E isso faz toda diferença. Eu não escolhi ou não mudar. Mas eu poderia escolher sofrer por isso ou não. Eu poderia sentir aquele sentimento de perca por minutos ou por dias . Eu escolhi por minutos.

Esses dias, tive que sair daquilo que tinha como “casa”, mesmo não sendo “minha”. E isso é muito complicado, porque precisamos nos desligar por certo tempo de pessoas que por muito tempo eram indispensáveis para a nossa sobrevivência. Para onde correr ?

Isso me fez lembrar de quando sai da casa da minha mãe. E o quão difícil foi. Na verdade senti o mesmo “soco” no coração. Aquela mesma sensação que o indefinível causa em nós. Mas sobrevivi.

Mudança para mim significa destruição. Destruição de sensações. Dar espaço para aquilo novo que se apresentará. E para mim as coisas sempre foram abruptas dessas forma. E acho que sempre será.

Vivo assim. Abrem-se portais. Fecham-se portais. Entro ou não ? Onde ele me levará ?

E não existe boas mudanças. E não existem más mudanças também. Só existem mudanças. Você faz o que pode com isso. E isso também faz muitas coisas contigo.

Uma coisa que a mudança faz contigo, é te fazer perceber o que é essencial e indispensável. Quem são as pessoas mais formidáveis e confiáveis (Aquelas que sempre vão te apoiar )? Quais são o livros mais importantes que tu levará contigo ? Qual o DVD ou o CD que eu levo ? Quias as roupas ? A mateira ou a TV ? E isso mexe contigo de forma ímpar.

Nesses momentos, você percebe se é forte ou fraco . Nesses momentos você descobre a profundidade de sua fé, de seu psicológico...

Como disse, eu vim de uma terra que tem enchentes. E depois que as águas baixam, se precisa arrumar as coisas, limpar a casa. E as águas, trazem todo o tipo de sujeira , animais mortos e outras imundícias podres.

E esse é o momento que estou passando . Momento pós enchente. Ou algo semelhante. É necessário
arrumar as coisas. Fazer as limpezas necessárias para que a vida siga.

Mas sempre há outros dias, outros sentimentos, outros sonhos, outras enchentes. Sempre há outras mudanças.

Vivemos um dia de cada vez.


Samuka.


segunda-feira, 11 de março de 2013

Porto Alegre





Estação rodoviária de Rio Grande, 2 da matina. Poltrona 22. Destino Porto Alegre. Porto Alegre ?
Qual é o meu destino mesmo ?

De repente, um estranho sentimento diferente tomou conta da minha consciência, algo que me fez lembrar da minha adolescência, pois nessa mesma infantil época da minha vida, usava a cidade de Porto Alegre parta refúgio do interior.
O ano tinha passado em Pedro Osório, e no colégio, eu passei com as “calças nas mãos”. Ao término das aulas, me dirigia de forma agitada para Porto.
Lembro da minha mãe, com um pouco de receio, me colocando no ônibus de Pedro Osório à Pelotas, e de lá, eu comprava a minha passagem me sentindo o maioral em direção à capital.
Bons verões. Verões que de forma simples, sustentaram as minhas felizes lembranças e experiências . Lá em Porto, sempre fui mimado . Na modéstia e na singeleza, mais mimado. Casa da tia, irmã mais velha de minha mãe, reduto da liberdade e da não existência de horários .

Hoje o sentimento é diferente. Diferente porque o tempo passou. E que bom que passou. Pois para mim , o “tempo passou” não é lamento, mas sim, expressão de alívio, pois tenho a plena certeza de que as coisas se desenvolveram nesse tempo, e que tudo o que aconteceu em mim e comigo, serviu para ter certeza de que a vida, mesmo não sendo regalada de prazeres e vitórias, não é boa somente para os mandantes do sistema , mas também para gente humilde, de suado trabalho e de vida simples, como a minha família. Nessa certeza de que o tempo passou para o bem de mim mesmo, a sensação de ir a Porto Alegre se modificou. Se modificou porque estou indo a Porto Alegre para resolver questões de critério pessoal (de menção irrelevante ), e isso nunca tinha acontecido. Vir a Porto Alegre nunca representou para mim “responsabilidade” ou “obrigação”. Completando o raciocínio, vir a uma cidade grande como Porto Alegre, não significa mais para mim refúgio do interior como disse lá em cima, mas simboliza sim, a agitação, o caos. O desenvolvimento da falta de tranquilidade. Hoje, para mim, Pedro Osório seria o refúgio. O tempo passa...

E quando o tempo passa, a percepção dos acontecimentos e dos ambientes se modificam, fazendo assim com que as verdadeiras impressões das circunstâncias, encaixem dentro de nós o que verdadeiramente é real para nós.
Temos de modo mais preciso, dentro de nossos preconceitos, traumas, certezas e resultados da concretização de nossas posições e discernimentos.

Mas nessas viagens que já são o máximo por serem responsáveis por quebrarem por inteiro a nossa rotina, fica a experiência de encontrar as pessoas que há muito tempo não víamos, a sensação de estar em lugares quase esquecidos, com outra mentalidade e outro pensamento, é lógico, e a percepção de certas coisas que não conseguíamos fazer a leitura por falta de formação e informação.

Acima de tudo , tudo é missão. Logo, Missão Sem Omissão.

Samuka.



“Invoco a fé, a calma e a coragem .“

(Descendo o rio – Forfun )

quarta-feira, 6 de março de 2013

Cegos do Castelo *

Eu nunca quero escrever um livro, nem uma música e nem um fórmula química. Mas eu queria ter sido o criador desse trecho :





Eu vou cuidar, eu cuidarei dele
Eu vou cuidar
Do seu jardim
Eu vou cuidar, eu cuidarei muito bem dele
Eu vou cuidar
Eu cuidarei do seu jantar
Do céu e do mar, e de você e de mim




(Nando Reis e os Infernais - Titãs)


*Composição : Nando Reis