E de repente me deu uma
vontade de sair por aí com você. Deu vontade de chutar tudo pra
longe, de não dar satisfações para ninguém e te sequestrar.
Não ligar para o que
vão pensar e nem para o que vão dizer, somente enlouquecer e te
mostrar que posso ser muito mais louco do que imagina.
Quero ver tua cara de
espanto ao saber que já estamos a quilômetros de casa e que para
retornar, você terá que dizer olhando nos meus olhos que não gosta
de mim, que não sente nada por mim.
E quando estivermos
longe, sem nos preocupar se a vida nos daria essa chance pelo acaso,
poderemos não falar o que sentimos, mas sim, demonstrar sem
preocupação que o que sempre queríamos era perceber que nada
poderia nos separar.
E de repente o nosso
barco afunda. Aquele barco que sempre esteve de mastro levantado,
velas esticadas e leme sempre guiado por um timão equilibrado.
Desequilibrado ficou de
repente.
Não que ele tenha
guinado para algum lado, como se o leme estivesse quebrado, mas uma
onda virou o barco. Uma onda de “o destino nos prega uma peça”.
Me vi perdido em um
mar; e a noite, as estrelas formavam o seu rosto, me dizendo que a
razão de tudo esteve sempre ao meu lado. E teve que achar um jeito
de chamar a atenção.
E de repente um
telegrama chega do outro lado do mundo, nos dizendo que há saudade,
que há sentimento.
Você já recebeu um
telegrama desses ?
Um telegrama que faz o
seu mundo desmoronar . E você só cai sem achar o fundo.
Aqui estamos nós.
Nossa barraca. Nossa praia. Perdidos. Mas nós é que nos perdemos.
Por querer. Por querer saber o porque nos sentimos perdidos quando
estamos fora daqui. E porque aqui, juntos, só nós dois, nos
achamos.
Na verdade eu queria
muito estar aqui com você. E toda essa coisa que se diz.
Não que eu não te
ame, por que nem sei se eu te amo, mas eu sei que amo estar do seu
lado e não amo não estar do seu lado.
Amo estar do seu lado,
mesmo que a chuva entre aqui na barraca durante a noite. Esqueceu ?
Essa é sua barraca, não a minha.
Eu elaborei esse
acampamento não pensando em conforto. Na realidade não pensei em
nada a não ser em ti.
E eu vi, você e eu
numa árvore. Um campo e um céu azul.
Um lugar comum para
mim. Meu lugar de infância. Mas não era infância, pois estávamos
de mãos dadas e sua barriga estava grande. Quando olhei para seu
rosto, vi um sorriso. E seus olhos eram mais que os seus olhos,
porque os seus olhos eram o meu destino.
Mas era tudo um sonho.
Todos foram um sonho.
Mas eu juro que por
minutos, achei que eram verdade.
Mas também não posso
te mentir. Faz dias que quero que isso se torne realidade.
Samuka.
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