terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Telegrama








E de repente me deu uma vontade de sair por aí com você. Deu vontade de chutar tudo pra longe, de não dar satisfações para ninguém e te sequestrar.
Não ligar para o que vão pensar e nem para o que vão dizer, somente enlouquecer e te mostrar que posso ser muito mais louco do que imagina.
Quero ver tua cara de espanto ao saber que já estamos a quilômetros de casa e que para retornar, você terá que dizer olhando nos meus olhos que não gosta de mim, que não sente nada por mim.
E quando estivermos longe, sem nos preocupar se a vida nos daria essa chance pelo acaso, poderemos não falar o que sentimos, mas sim, demonstrar sem preocupação que o que sempre queríamos era perceber que nada poderia nos separar.

E de repente o nosso barco afunda. Aquele barco que sempre esteve de mastro levantado, velas esticadas e leme sempre guiado por um timão equilibrado.
Desequilibrado ficou de repente.
Não que ele tenha guinado para algum lado, como se o leme estivesse quebrado, mas uma onda virou o barco. Uma onda de “o destino nos prega uma peça”.
Me vi perdido em um mar; e a noite, as estrelas formavam o seu rosto, me dizendo que a razão de tudo esteve sempre ao meu lado. E teve que achar um jeito de chamar a atenção.

E de repente um telegrama chega do outro lado do mundo, nos dizendo que há saudade, que há sentimento.
Você já recebeu um telegrama desses ?
Um telegrama que faz o seu mundo desmoronar . E você só cai sem achar o fundo.

Aqui estamos nós. Nossa barraca. Nossa praia. Perdidos. Mas nós é que nos perdemos. Por querer. Por querer saber o porque nos sentimos perdidos quando estamos fora daqui. E porque aqui, juntos, só nós dois, nos achamos.
Na verdade eu queria muito estar aqui com você. E toda essa coisa que se diz.
Não que eu não te ame, por que nem sei se eu te amo, mas eu sei que amo estar do seu lado e não amo não estar do seu lado.
Amo estar do seu lado, mesmo que a chuva entre aqui na barraca durante a noite. Esqueceu ? Essa é sua barraca, não a minha.
Eu elaborei esse acampamento não pensando em conforto. Na realidade não pensei em nada a não ser em ti.

E eu vi, você e eu numa árvore. Um campo e um céu azul.
Um lugar comum para mim. Meu lugar de infância. Mas não era infância, pois estávamos de mãos dadas e sua barriga estava grande. Quando olhei para seu rosto, vi um sorriso. E seus olhos eram mais que os seus olhos, porque os seus olhos eram o meu destino.

Mas era tudo um sonho.

Todos foram um sonho.

Mas eu juro que por minutos, achei que eram verdade.

Mas também não posso te mentir. Faz dias que quero que isso se torne realidade.





Samuka.



Nenhum comentário:

Postar um comentário