segunda-feira, 29 de abril de 2013

Algemas









A Vitória



É difícil entender a nossa real situação. Se pudéssemos fazer novamente toda nossa estrutura atual de mundo, faríamos ela totalmente da mesma forma, do mesmo jeito que ela existe. Não mudaríamos nada.
Em nossa mente, tudo o que existe e tudo que se constituiu até agora, é tido como se fosse uma “medalha” por toda a evolução que o ser humano passou por todo esse tempo de civilidade. Por nossa cabeça, nem se quer passa um resquício de que em outra época, houve um ser humano tão inteligente quanto o dessa presente era. Somos os mais inteligentes, os mais informados, os mais rápidos e os mais fortes.
Em um processo histórico linear, se colocarmos o homem primitivo no início dessa linha e nós no final, poderíamos explicar a real vitória do Homo Sapiens sobre toda e qualquer coisa existente nesse planeta. Vencemos !


A Mentira


O escritor uruguaio Eduardo Galeano, fala em uma de suas obras, que se Alice voltasse do País das Maravilhas para seu mundo ( o nosso mundo), só notaria algumas diferenças específicas, pois a loucura na qual se inseriria, talvez fosse maior do que a encontrada naquele lugar.
O que quero dizer é que só falta gatos que desaparecem e flutuam, pois todas as outras loucuras já são existentes.
Quiçá, de tão inseridos nessa mitologia vigente, não nos damos por conta que a mentira que vivemos é tão poderosa, que não somos capazes de pensar em uma alternativa para isso tudo. Somos tão enganados a todo tempo, que a velocidade em que as coisas acontecem, desferem golpes em nossa tentativa de reação que nos atrofia, anestesia e desconfigura todo o nosso sistema …
Mas de nada adianta nos darmos por conta sozinhos dessa mentira. Temos que conscientizar aos outros. E isso requer tempo . E tempo seja o nosso maior inimigo. Pois se o tempo não for usado na desconstrução dessa mentira, será utilizado como arma contrária. Ou seja, quanto mais tempo inserido nessa mentira, mais difícil será desmascará-la.



O Cativeiro

Sim, estamos presos. Por isso que somos limitados. Por isso que há condições para que possamos fazer certas coisas. Não podemos fazer tudo. Se temos tempo, não temos dinheiro. Se temos dinheiro, não temos tempo ou saúde. Temos que a todo tempo fazer concessões. Ganhamos de um lado e perdemos de outro. Mais perdemos do que ganhamos.
As vezes parece que estamos como um cão, em um vai-e-vem. Nos movimentamos , mas não muito. Nos movimentarmos muito não é muito bom para ninguém.
As coisas são tão sutis...
Mas estamos em um cativeiro. Não percebemos porque estamos nesse cativeiro desde que nascemos. Não sabemos como é a selva, por isso não sentimos saudade dela. Por isso achamos ela perigosa e horripilante. Temos medo de morrer de fome, de sede ou de morrer nas garras de algum predador.
O que temos a perder ? Aqui nós morremos também. De outras mortes, é claro. Por comer demais, por beber demais, por caminhar de menos, por enfermidades que contraímos pela fragilidade que adquirimos.
Temos tudo, menos a liberdade.


A Jaula

Sim, nossa jaula é invisível. Mas não quer dizer que ela não esteja aí. Ela tem requintes de prazer. Nos dá uma falsa sensação de proteção, mas na realidade, serve para nos prender e não proteger. Temos medo de tudo e de todos. Na nossa imaginação, vamos ser atacados, estuprados, atropelados, roubados e etc. É um pânico só.
Quem colocou isso em nós ? O que ganhou com isso ?
Escravos !
Somos escravos disso. Somos escravos daqueles que trancaram a nossa comida, que trancaram nossa bebida.
E essa comida e bebida é nossa. Mas trabalhamos por ela como se não fosse.
Trabalhamos debaixo do chicote do medo. Medo de tudo e todos. E nesse medo, não percebemos a nossa jaula, o nosso inimigo, pois ele não está personificado. Ele está por todos os lados, nos cercando, mas não percebemos.
Na televisão, nos livros, nas propagandas, nos sermões, nas escolas, nas universidades, nas indústrias, nas músicas, nos filmes...

Sutilidade é sua mais consistente arma.


Samuka.




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