A Vitória
É difícil
entender a nossa real situação. Se pudéssemos fazer novamente toda
nossa estrutura atual de mundo, faríamos ela totalmente da mesma
forma, do mesmo jeito que ela existe. Não mudaríamos nada.
Em nossa
mente, tudo o que existe e tudo que se constituiu até agora, é tido
como se fosse uma “medalha” por toda a evolução que o ser
humano passou por todo esse tempo de civilidade. Por nossa cabeça,
nem se quer passa um resquício de que em outra época, houve um ser
humano tão inteligente quanto o dessa presente era. Somos os mais
inteligentes, os mais informados, os mais rápidos e os mais fortes.
Em um
processo histórico linear, se colocarmos o homem primitivo no início
dessa linha e nós no final, poderíamos explicar a real vitória do
Homo Sapiens sobre toda e qualquer coisa existente nesse planeta.
Vencemos !
A Mentira
O escritor
uruguaio Eduardo Galeano, fala em uma de suas obras, que se Alice
voltasse do País das Maravilhas para seu mundo ( o nosso mundo), só
notaria algumas diferenças específicas, pois a loucura na qual se
inseriria, talvez fosse maior do que a encontrada naquele lugar.
O que quero
dizer é que só falta gatos que desaparecem e flutuam, pois todas as
outras loucuras já são existentes.
Quiçá, de
tão inseridos nessa mitologia vigente, não nos damos por conta que
a mentira que vivemos é tão poderosa, que não somos capazes de
pensar em uma alternativa para isso tudo. Somos tão enganados a todo
tempo, que a velocidade em que as coisas acontecem, desferem golpes
em nossa tentativa de reação que nos atrofia, anestesia e
desconfigura todo o nosso sistema …
Mas de nada
adianta nos darmos por conta sozinhos dessa mentira. Temos que
conscientizar aos outros. E isso requer tempo . E tempo seja o nosso
maior inimigo. Pois se o tempo não for usado na desconstrução
dessa mentira, será utilizado como arma contrária. Ou seja, quanto
mais tempo inserido nessa mentira, mais difícil será desmascará-la.
O
Cativeiro
Sim, estamos
presos. Por isso que somos limitados. Por isso que há condições
para que possamos fazer certas coisas. Não podemos fazer tudo. Se
temos tempo, não temos dinheiro. Se temos dinheiro, não temos tempo
ou saúde. Temos que a todo tempo fazer concessões. Ganhamos de um
lado e perdemos de outro. Mais perdemos do que ganhamos.
As vezes
parece que estamos como um cão, em um vai-e-vem. Nos movimentamos ,
mas não muito. Nos movimentarmos muito não é muito bom para
ninguém.
As coisas
são tão sutis...
Mas estamos
em um cativeiro. Não percebemos porque estamos nesse cativeiro desde
que nascemos. Não sabemos como é a selva, por isso não sentimos
saudade dela. Por isso achamos ela perigosa e horripilante. Temos
medo de morrer de fome, de sede ou de morrer nas garras de algum
predador.
O que temos
a perder ? Aqui nós morremos também. De outras mortes, é claro.
Por comer demais, por beber demais, por caminhar de menos, por
enfermidades que contraímos pela fragilidade que adquirimos.
Temos tudo,
menos a liberdade.
A Jaula
Sim, nossa
jaula é invisível. Mas não quer dizer que ela não esteja aí. Ela
tem requintes de prazer. Nos dá uma falsa sensação de proteção,
mas na realidade, serve para nos prender e não proteger. Temos medo
de tudo e de todos. Na nossa imaginação, vamos ser atacados,
estuprados, atropelados, roubados e etc. É um pânico só.
Quem colocou
isso em nós ? O que ganhou com isso ?
Escravos !
Somos
escravos disso. Somos escravos daqueles que trancaram a nossa comida,
que trancaram nossa bebida.
E essa
comida e bebida é nossa. Mas trabalhamos por ela como se não fosse.
Trabalhamos
debaixo do chicote do medo. Medo de tudo e todos. E nesse medo, não
percebemos a nossa jaula, o nosso inimigo, pois ele não está
personificado. Ele está por todos os lados, nos cercando, mas não
percebemos.
Na
televisão, nos livros, nas propagandas, nos sermões, nas escolas,
nas universidades, nas indústrias, nas músicas, nos filmes...
Sutilidade é
sua mais consistente arma.
Samuka.
Reflexos de uma liberdade mascarada e de uma sociedade vendada.
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